A pandemia de covid-19 promoveu uma drástica transformação no setor de saúde, em especial na área de tecnologia, aponta a edição deste ano do relatório Future Health Index (FHI), da Philips.
Com divulgação prevista para segunda-feira (3/10) no Brasil, a Época NEGÓCIOS teve acesso ao conteúdo do estudo anual e conversou com Eli Szwarc, líder-médico de informática da Philips América Latina, sobre pontos que se destacaram no cenário do país nessa última edição.
Para o FHI 2022, foram entrevistados 3 mil líderes da área em 15 países, com o objetivo de analisar as prioridades e preocupações do setor, além de diagnosticar os principais desafios globais para os próximos anos.
“É nosso objetivo garantir uma interação entre a Philips e as grandes demandas desse mercado, que é altamente fragmentado, regulamentado, com questões éticas e técnicas próprias. Existe um potencial conflito de interesse entre os players envolvidos. Clientes e consumidores querem mais resultado e menor custo; médicos e prestadores desejam otimizar seu tempo e obter eficiência; e as fontes pagadoras buscam previsibilidade e diminuição de custo. É a tecnologia que consegue harmonizar isso tudo com o melhor para cada um”, argumenta Eli Szwarc.
No Brasil, o coronavírus impôs um crescimento significativo em soluções digitais de saúde. O desafio agora é possibilitar que essas ferramentas tecnológicas estejam disponíveis em todo o território nacional. Como destaque no país, o relatório aponta o investimento em inteligência artificial, análise preditiva e uso de dados, que ajudam os profissionais na capacidade de prestar atendimento a qualquer setor, dentro e fora de um ambiente hospitalar tradicional, além da preocupação com a sustentabilidade.
Inteligência artificial
Os líderes do setor de saúde brasileiros estão investindo em tecnologias capacitadoras, como registros eletrônicos, telessaúde e ferramentas de inteligência artificial (IA), capazes de aumentar a eficiência, melhorar o atendimento e conectar comunidades remotas. “A utilização das plataformas de teleatendimento garantiram o acesso à saúde ao passo que racionaram o custo, e isso foi importante durante a pandemia”, afirma Szwarc.
Em relação a 2021, houve ainda um aumento na priorização de investimento nos registros eletrônicos de saúde, que era 31% em 2021 e saltou para 85% em 2022.
Análise preditiva e uso de dados
Entre os 15 países que participaram do estudo – que inclui Austrália, China, França, Alemanha, Rússia e Estados Unidos -, o Brasil está à frente na adoção da análise preditiva e no uso de dados. A maioria dos líderes brasileiros acredita que, com eles, é possível melhorar a experiência do paciente (75%), os resultados em saúde (71%), a gestão da saúde da população (70%) e a experiência da equipe (66%).
Por outro lado, menos da metade dos entrevistados do país afirma ter a expertise necessária para fazer pleno uso dos dados disponíveis, além de enfrentar algumas barreiras como restrições orçamentárias, problema de acesso às informações, resistência de funcionários quanto ao uso de tecnologias e dificuldade no gerenciamento do volume de dados.
Mesmo assim, 71% dos líderes do Brasil relatam já estar coletando e armazenando dados em ambientes clínicos (frente a 42% globalmente) e 75% deles em ambientes operacionais (frente a 41% globalmente).
ESG e sustentabilidade
Eli Szwarc destaca que, comparando com o FHI 2021, onde apenas 3% dos líderes da saúde no Brasil colocavam a responsabilidade ambiental como prioridade, este ano a postura mudou: 24% colocam as práticas de sustentabilidade no topo da agenda, posicionando o país em patamar igual à média global.
“Isso mostra uma aproximação cada vez maior dos líderes com os pacientes, visto que é uma demanda da sociedade. Além disso, existe um entendimento das organizações sobre esse grau de responsabilidade, uma influência da indústria de saúde que traz consigo seus programas socioambientais, e até mesmo a relação com os fundos de investimentos e as empresas de capital aberto que têm essa mesma premissa. São pressões positivas”, diz Szwarc.
De olho no futuro
Segundo o líder-médico de informática da Philips América Latina, o Brasil tem um potencial imenso na adoção de plataformas de IA e de sistemas preditivos, tanto que aparece acima da média mundial com o planejamento em relação a essas tecnologias.
“Hoje, por volta de 50% dos líderes já fazem uso de dados para a tomada de decisão, outros 15% estão fazendo essa transição agora e o restante pretende adotar em três anos. Ou seja, é quase a totalidade deles entendendo a importância e investindo no uso de dados, uma ferramenta que ganha cada vez mais confiabilidade”, explica.
Ele afirma que essa confiança acontece tanto para a área administrativa e gerencial, quanto para a clínica e assistencial. “Os métodos de trabalho repetitivos ganham uma eficiência enorme quando se utiliza a máquina e a IA a seu favor. Com isso, é possível colocar pessoas executando tarefas realmente importantes e melhorar não só a experiência do usuário como a do colaborador”, conclui Szwarc.
Fonte: Época Negócios
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