Saúde mental é diferencial buscado por trabalhadores nas organizações
Especialistas apontam vantagens em empresas quebrarem tabu cuidando da saúde mental de seus funcionários e como transformar essa atenção em vantagem. Assunto será tema do Hub Connect RH+ 2023, na Medical Fair Brasil
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O mundo profissional mudou. Talvez mais rápido e para um modelo ao qual não esperávamos, especialmente quando o assunto é saúde mental dos funcionários. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 20 milhões de brasileiros enfrentam transtornos mentais, o que tem um impacto significativo nos afastamentos do trabalho. A presidente da Associação Paulista de Recursos Humanos e de Gestores de Pessoas (HUBRH+ AAPSA), Tania Machado, acrescenta que 79% dos funcionários das empresas afirmam terem sofrido estresse no ambiente de trabalho nos últimos 12 meses, que 45% consideram deixar o trabalho por motivo de estresse laboral e que, em média, 40% das causas do absenteísmo é de sintomas de saúde mental.
“A pandemia acelerou a necessidade de abordar a saúde mental. Aquilo que acreditávamos que aconteceria num futuro distante foi adiantado. Muitas pessoas que já estavam enfrentando dificuldades experimentaram uma piora significativa, e os casos de ansiedade atingiram níveis alarmantes”, comenta Tania ao indicar que o Brasil apresenta altos índices de em transtorno de ansiedade e, consequentemente, afastamento por saúde mental.
Para a vice-presidente da Sociedade Brasileira de Auditoria Médica (SBAM), Goldete Priszkulnik, os três anos de pandemia foram um divisor de águas para a humanidade e “muita coisa que para os mais velhos foi complicado, para os mais jovens foi complicadíssimo”, afinal nossa maneira de nos relacionarmos mudou com cada pessoa em sua casa ou distante no ambiente de trabalho e com dificuldades em desenvolvermos conexões, em parte por não podermos ler o olhar e a linguagem corporal das pessoas e por nossos níveis de aceitação, frustração e tolerância tenham baixado.
“Perdemos em termos sociais. Se dentro de casa está difícil, no trabalho está mais, pois temos a família para tolerar algumas coisas, no trabalho ninguém tolera absolutamente nada!”, sentencia Goldete, que afirma que o mundo corporativo demonstra o que acontece no mundo real, com todo mundo nervoso e preocupado em um cenário de mudanças rápidas: “de manhã é uma coisa, de tarde outra e de noite já mudou. Quem acompanha isso?”, questiona.
A vice-presidente da SBAM salienta que aguentar essa pressão não é fácil, ainda mais quando somamos características como alta informalidade no mercado de trabalho como constante ameaça aos profissionais e o eventual ambiente tóxico de uma empresa, e propõe como passos rumo às soluções do desafio: “As gerações mais velhas talvez não se deem conta de quanto está difícil para geração mais nova aguentar tanto estresse. Precisamos de um pacto intergeracional em que todos devem ter paciência com todos”.
Soluções
“Imagine um ambiente de trabalho seguro, onde cada pessoa possa livremente expressar seus pensamentos, manifestar ideias, populares ou não, com espaço para aprender com erros e dúvidas, sem medo de ser punido ou excluído. Essas são variáveis importantes quando buscamos o resultado sustentável nas organizações. Contamos com a sua participação para debatermos e aprofundarmos mais sobre esse tema tão relevante para todos nós, gestores”, convida o diretor corporativo de RH do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), Luis Lira.
O diretor se refere ao Hub Connect RH+ 2023, realizado pelo HUBRH+ AAPSA, em parceria com o HCFMUSP, que será realizado nos dias 26 e 27 de setembro, durante a Medical Fair Brasil (MFB), em São Paulo.
Durante o encontro, líderes vão discutir estratégias de autocuidado, inclusão e equidade no ambiente de trabalho, além de formas efetivas de diagnosticar e tratar os transtornos mentais. O Hub Connect RH+ 2023 promete ser um evento completo, composto por palestras interativas, talks show, experiências práticas e momentos de networking. O conteúdo é especialmente voltado para líderes e todos aqueles que buscam aprimorar seus conhecimentos na gestão da saúde emocional, mental e inclusiva.
Na opinião de Tania, as lideranças estão cada vez mais atentas, desenvolvendo programas e processos para a gestão da saúde de seus colaboradores. Trata-se de um trabalho de integração entre áreas e pessoas, visando o diagnóstico precoce que possa identificar a saúde física, emocional e o bem-estar dos colaboradores. Quando realizado a tempo e com qualidade, minimiza desperdícios, afastamentos e custos elevados com saúde, entre outros. Porém ressalta que o mais importante é o colaborador sentir-se acolhido e cuidado.
O acolhimento do colaborador também é apontado pelo diretor médico para América Latina da P&G, Fernando Akio Mariya, que indica capacitação para trabalhar com segurança psicológica desde a alta liderança até o chão de fábrica: “treinarem para serem mais empáticos. Quando a pessoa não se abre e vai procurar ajuda, o quadro já está crônico e o funcionário precisa ir para o INSS e há custos e tributos para a empresa”, explica.
Mariya afirma que as empresas devem ir além do mindfulness – “tão em moda hoje” – simplificando processos, oferecendo mais flexibilidade, empoderamento e reconhecendo as pessoas oferecendo um ambiente seguro e não tóxico.
Opinião compartilhada pelo gerente médico Saúde Integral do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Leonardo Piovesan Mendonça, que ressalta a necessidade de as empresas pensarem em estratégias que equilibrem o lado profissional e pessoal do trabalhador e mantendo o clima bom na empresa. “Pesquisas mostram que é possível atingir excelentes resultados financeiros com clima bom na empresa”, alerta.
