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63% dos pacientes com covid-19 prolongada são mulheres, segundo estudo

O risco de covid-19 prolongada foi aparentemente maior nos pacientes que precisaram ser hospitalizados, especialmente nos casos que exigiram cuidados intensivos

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Quase dois terços dos pacientes com sintomas persistentes de covid-19 nos primeiros dois anos da pandemia são mulheres, de acordo com um novo estudo publicado no periódico Journal of the American Medical Association.

O estudo global também descobriu que cerca de 6% dos pacientes com infecção sintomática apresentaram covid-19 prolongada em 2020 e 2021. O risco de covid-19 prolongada foi aparentemente maior nos pacientes que precisaram ser hospitalizados, especialmente nos casos que exigiram cuidados intensivos.

“Determinar o número de indivíduos com covid-19 prolongada pode ajudar os formuladores de políticas públicas a garantir o acesso adequado aos serviços de saúde com o objetivo de promover a recuperação, o retorno ao trabalho ou à escola e o restabelecimento da saúde mental e da vida social dos pacientes”, escreveram os pesquisadores.

A equipe do estudo, composta por dezenas de pesquisadores de quase todos os continentes, analisou, em 22 países, dados de 54 estudos e duas bases de dados com mais de 1 milhão de pacientes que tiveram covid-19 sintomática em 2020 e 2021. Eles analisaram três tipos de sintomas de covid-19 prolongada: fadiga persistente com dor corporal ou alterações de humor, alterações respiratórias crônicas e alterações cognitivas. O estudo incluiu pacientes de 4 a 66 anos de idade.

De forma geral, 6,2% dos pacientes relataram um dos três tipos de sintomas de covid-19 prolongada, entre eles 3,7% com alterações respiratórias crônicas, 3,2% com fadiga persistente e dor corporal ou alterações de humor e 2,2% com alterações cognitivas. Dos pacientes com covid-19 prolongada, 38% relataram mais de um grupo de sintomas.

Após três meses da infecção, os sintomas de covid-19 prolongada foram quase duas vezes mais comuns em mulheres com 20 anos ou mais (10,6%) do que em homens da mesma faixa etária (5,4%).

As crianças e os adolescentes aparentemente tiveram um risco menor de covid-19 prolongada. Cerca de 2,8% dos pacientes sintomáticos com menos de 20 anos tiveram complicações crônicas.

A duração média estimada dos sintomas de covid-19 prolongada foi de nove meses nos pacientes hospitalizados e de quatro meses nos pacientes não hospitalizados. Cerca de 15% dos pacientes com sintomas de covid-19 prolongada três meses após a infecção inicial continuaram a apresentar sintomas após 12 meses.

O estudo foi majoritariamente baseado em dados detalhados de estudos em andamento sobre a covid-19 nos Estados Unidos, Áustria, Ilhas Faroé, Alemanha, Irã, Itália, Países Baixos, Rússia, Suécia e Suíça, de acordo com a United Press International . O estudo também foi suplementado por dados publicados e pesquisas conduzidas como parte do Global Burden of Diseases, Injuries and Risk Factors Study. Os diversos pesquisadores envolvidos foram denominados “Global Burden of Disease Long COVID Collaborators”.

O estudo teve limitações, disseram os pesquisadores, como a suposição de que a covid-19 prolongada teria uma evolução semelhante em todos os países. Estudos adicionais podem demonstrar como os sintomas e a gravidade da covid-19 prolongada podem variar em diferentes países e continentes, observaram.

No futuro, estudos em andamento com um grande número de pacientes com covid-19 prolongada podem ajudar cientistas e autoridades de saúde pública a entender os fatores de risco e as maneiras de tratar essa síndrome debilitante, escreveram os autores do estudo, observando que a “síndrome de fadiga pós-infecção” já foi relatada antes, a saber, durante a pandemia de gripe de 1918, após o surto de síndrome respiratória aguda grave (SARS, do inglês Severe Acute Respiratory Syndrome) em 2003 e após a epidemia de Ebola na África Ocidental em 2014.

“Já foram relatados sintomas semelhantes após outras infecções virais, como infecções pelo vírus Epstein-Barr, mononucleose e dengue, além de infecções não virais, como febre Q, doença de Lyme e giardíase”, escreveram os pesquisadores.

Fonte: Medscape