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Webinar sobre interoperabilidade tem apoio da MFB e moderação de Malu Sevieri

O evento virtual foi realizado no dia 4 de outubro pela Otto hx, em parceria com MFB, FBAH, Grupo Benner e DataIntegra, apresentando os benefícios e desafios da interoperabilidade na saúde

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“Por que investir em interoperabilidade na saúde?” foi o tema do webinar realizado no dia 4 de outubro pela Otto hx, com apoio da FBAH – Federação Brasileira de Administradores Hospitalares, MFB – Medical Fair Brasil, Grupo Benner e DataIntegra.

O evento virtual contou com mediação de Malu Sevieri, CEO da Emme Brasil e diretora da Medical Fair Brasil (MFB), apresentação de Cristiane Faria, head de negócios da Otto hx, palestras de Alessandro Benites, co-founder da DataIntegra, e de Bruno Carvalho Fernandes, gerente de TI do Hospital Felício Rocho, de Belo Horizonte/MG. O debatedor foi Remídio Vizzoto Junior, conselheiro fiscal da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares (FBAH).

Segundo Malu, não tem como fugir: a longo prazo, todas as instituições de saúde terão de adotar arquiteturas de interoperabilidade. “De início, é preciso saber onde se pretende chegar e depois desenhar um plano para alcançar esse local. Qual estratégia seguir? Não dá para pensar no que fazer daqui a um ano, é preciso começar já. Se sua instituição não tem um grupo que discuta inovação, está na hora de criar”, disse.

A explicação do conceito ficou por conta de Benites. Interoperabilidade é a capacidade de diferentes sistemas, softwares e plataformas se comunicarem sem intervenção humana. Sistemas e plataformas conseguem trabalhar de maneira simultânea, independentemente de suas arquiteturas, através de um padrão/protocolo aberto. 

“Os conceitos de interoperabilidade e integração são muitas vezes utilizados como sinônimos, mas são distintos, embora complementares. Integração é o processo de conectar dois ou mais sistemas, que se tornam dependentes tecnologicamente. Interoperabilidade é o processo de comunicação entre dois ou mais sistemas sem dependência, porém, adotando protocolos”, detalhou Benites. Segundo ele, na maioria das vezes é feita a integração, mas o ideal é a interoperabilidade, pois torna o sistema apto a “conversar” com qualquer outro.

Há três tipos de protocolos. O TISS – Troca de Informação de Saúde Suplementar é o modelo padrão para troca de informações entre os agentes de saúde suplementar e planos de saúde. O HL7 (Health Level Seven) é um conjunto de normas que produz protocolos de transmissão de mensagem entre os equipamentos, base de dados e sistemas de gestão médicos. Já o DICOM, abreviação de Digital Imaging and Communications in Medicine, é um conjunto de normas para tratamento, armazenamento e transmissão de informação médica em formato eletrônico. 

No Brasil, a Portaria 2.073/11 regulamenta a utilização de padrões de interoperabilidade para aplicação no segmento de saúde, tanto no SUS quanto na área suplementar. Suas vantagens, entre muitas outras, são: acesso rápido às informações, redução de custos, comunicação mais eficiente, qualidade/integridade de dados e agilidade nos processos. “A interoperabilidade permite à equipe focar no que realmente importa: no paciente”, salientou Benites. 

Entretanto, um dos principais desafios é a priorização da interoperabilidade no momento de aquisição de novos softwares. Segundo o palestrante, os gestores precisam dar atenção a esse tópico. Outro desafio é vencer a barreira da falta de informação, pois muitos líderes ainda não têm conhecimento suficiente sobre o assunto. Também foram citados: padronização de vocabulários (engajamento entre médico, administradores etc.), e a difusão da interoperabilidade no sistema de saúde, integrando hospitais, operadoras, laboratórios e clínicas. 

Para mostrar na prática as vantagens da interoperabilidade, Bruno contou como o Hospital Felício Rocho lidou com um grande gargalo na área de farmácia. O hospital de alta complexidade, que realiza mais de 22.000 internações e 28.557 cirurgias por ano, demorava até 40 minutos para medicar um paciente com dor, gerando grande insatisfação.

Reformar as farmácias satélites para aumentar o espaço físico e a quantidade de colaboradores demandaria infraestrutura e investimentos. A ideia, então, foi usar o dispensário eletrônico, mas era preciso integrá-lo com outros sistemas. Foi então que aconteceu a parceria com a DataIntegra, que forneceu o sistema de gestão.

O dispensário é uma unidade de estoque acessado por biometria ou usuário com senha que lê as prescrições através do código de barras. O aparelho libera os medicamentos na quantidade correta com segurança e dá baixa no estoque.

“Dessa forma, o hospital reduziu o tempo médio de administração de medicamentos de 30 para 2 minutos, já no projeto-piloto. Também gerou mais tempo da enfermagem com o paciente, tratamento cada vez mais humanizado, maior segurança no momento da dispensação, além de eliminar a necessidade atual de ampliação da estrutura física das farmácias”, ressaltou Bruno.

A integração levou 60 dias, incluindo desenho e execução. O projeto-piloto foi realizado em 90 dias, envolvendo acompanhamento e validação, foram implantados 10 dispensários, um por semana. Bruno destacou o engajamento da diretoria, corpo clínico e técnicos. 

Como debatedor, Remídio comentou ao final das palestras que interoperabilidade e integração precisam acontecer juntos, um não existe sem o outro. “Não basta somente a interoperabilidade, é preciso também a integração dos dados.” Ele frisou, ainda, a importância de os gestores adotarem a cultura da inovação, pois o processo não é só da equipe de TI, todos precisam estar envolvidos, do médico ao profissional da assistência. 

Já Cristiane lembrou que os sistemas por si só não fazem milagre. O processo deve estar bem definido, a equipe capacitada e os dados que serão inseridos no sistema já determinados. “As instituições pensam que apenas com integrações estão caminhando para a interoperabilidade, mas, na verdade, estão criando o caos, pois não dá para usar dados descentralizados”, apontou.

Por fim, Malu pediu a cada participante para citar um desafio da interoperabilidade. Foram eles: uso de indicadores para mensurar o resultado, cultura da inovação, engajamento dos fornecedores de saúde e da equipe operacional do hospital como um todo, além de infraestrutura adequada. 

Benites concluiu sua participação destacando uma frase que pode resumir o webinar: “não existe inovação sem interoperabilidade”.

O webinar está disponível no canal do Youtube da MFB. Assista AQUI.