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Mais de 4.500 profissionais da saúde morreram de covid-19 nos primeiros 22 meses da pandemia no Brasil, revela estudo

Mulheres e técnicos(as) de enfermagem foram os mais atingidos

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Estudo revela que mais de 4.500 profissionais da saúde morreram de covid-19 ao longo dos primeiros 22 meses da pandemia no Brasil (entre fevereiro de 2020 e dezembro de 2021). Mulheres e técnicos(as) de enfermagem foram os mais atingidos.

“Em 2020, enfrentando uma emergência completamente nova e tentando salvar vidas sem equipamento de proteção adequado, os profissionais da saúde chegaram a ter o dobro de mortes em relação à média dos dois anos anteriores. As médias de mortes extras entre profissionais de saúde eram mais altas do que as do total das profissões no Brasil”, indica o relatório de divulgação da pesquisa.

A pesquisa, realizada pelo estúdio de inteligência de dados Lagom Data para a Public Services International (PSI), cruzou dados oficiais produzidos e disponibilizados pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério do Trabalho e Previdência.

A pesquisa foi divulgada em 12 de outubro, junto com o documentário “Behind the Mask”, ou “Por Detrás da Máscara”, que expõe os desafios enfrentados por profissionais da saúde durante os momentos mais agudos da pandemia de covid-19 no Brasil, na Tunísia, no Paquistão e no Zimbábue.

Para a pesquisa, foram analisadas informações disponíveis nos bancos de dados do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), parte do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brasil (DATASUS), e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o registro de admissão e dispensa de empregados sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) mantido pelo Ministério do Trabalho e da Previdência.

Os resultados revelam que a maioria dos profissionais da saúde que morreram por covid-19 no período estudado atuava, de acordo com o relatório, “nas ocupações mais modestas da saúde”, ou seja, técnicos(as) de enfermagem e enfermeiros(as). Comparativamente, poucos médicos e médicas morreram em decorrência da doença.

Na segmentação por gênero, foi possível observar que os óbitos predominaram entre as mulheres: oito a cada dez profissionais da saúde que morreram de covid-19 no país eram mulheres. As mulheres compõem a maioria da força de trabalho na enfermagem.

“Essas pessoas foram as que trabalharam mais próximo de quem mais sofreu, e com mais frequência”, diz o relatório.

A análise de dados de saúde no Brasil enfrenta uma série de desafios. De acordo com o relatório: “Não existem dados oficiais sobre quantas pessoas trabalharam na linha de frente do combate à pandemia, visto que houve grande rotatividade no mercado de trabalho da saúde na época e muitos profissionais atuam em mais de uma unidade de saúde.” Isso dito, os dados de mortes coletados no SIM são consistentes com tendências de mortes excedentes detectadas nos registros de desligamento por morte do Caged, segundo o relatório.

“Os dados ainda são preliminares, pois as informações do SIM do final de 2021 ainda estão em investigação,” diz o relatório.

O estudo é parte de uma campanha da PSI que denuncia a situação de quatro países nos momentos mais intensos da pandemia de covid-19: Zimbábue, Paquistão, Tunísia e Brasil. A PSI é uma Federação Sindical Internacional. Sediada na França, atua nas Nações Unidas, na OIT, na OMS, entre outras organizações regionais e mundiais, e reúne mais de 700 sindicatos, representando 30 milhões de trabalhadores(as) de 154 países.

Fonte: Medscape