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Cientistas da Alemanha registram quinto caso de cura da Aids

O paciente, um homem de 53 anos,  é o terceiro do mundo a ser curado pós-transplante de células-tronco. Ele foi monitorado por cerca de nove anos após passar pelo procedimento

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Cientistas do Hospital Universitário de Düsseldorf, na Alemanha, anunciaram, através de estudo publicado na revista Nature Medicine, o quinto caso de cura da Aids no mundo. O paciente é, um homem de 53 anos,  é o terceiro do mundo a ser curado pós-transplante de células-tronco. Ele foi monitorado por cerca de nove anos após passar pelo procedimento. Foram utilizadas células-tronco hematopoiéticas (TCTH) alogênico CCR5Δ32/Δ32, para combate da leucemia mielóide aguda.

O homem foi diagnosticado com HIV-1 subtipo B positivo em 2008 e apresentou contagem de células T CD4 + e carga viral plasmática de HIV-1 que não tinha indicação para início de TARV, conforme diretrizes nacionais da época. Em 2010, foi iniciado um regime de TARV com tenofovir disoproxil fumarato, emtricitabina e darunavir e ritonavir, resultando em uma carga viral plasmática continuamente suprimida.

No ano seguinte, o paciente foi diagnosticado com leucemia mielóide aguda (LMA) M2, de acordo com a classificação franco-americana-britânica, que carregava uma inversão do cromossomo 16 em p13q22, resultando na fusão da proteína CBFB-MYH11. Obteve remissão hematológica completa após quimioterapia, que incluiu idarrubicina, citarabina, terapia de indução com etoposídeo e três ciclos de consolidação de alta dose de citarabina.

Em 2012, ele teve uma recidiva da leucemia, mas obteve uma segunda remissão completa após o tratamento com o esquema quimioterápico A-HAM (ácido retinóico, citarabina, mitoxantrona) e um segundo ciclo de citarabina. Nesse mesmo ano, identificou-se uma uma doadora de células-tronco feminina 10/10 compatível com HLA e sem parentesco com uma mutação CCR5Δ32 homozigótica.

O transplante de células-tronco ocorreu em 2013. A terapia imunossupressora para o transplante consistiu em ciclosporina e micofenolato de mofetil, posteriormente alterada para monoterapia com tacrolimo. No mesmo ano, o paciente apresentou uma segunda recidiva de LMA. Ele alcançou a remissão oncológica molecular pela terceira vez após oito ciclos com 5-azacitidina e quatro infusões de linfócitos do doador.

A TARV foi continuada e o DNA proviral do HIV-1 e o RNA do HIV-1 permaneceram indetectáveis. Após 69 meses do transplante, em 2018, a TARV foi descontinuada e o paciente permaneceu sem sinais clínicos ou laboratoriais de síndrome retroviral aguda.

Imunologia e viremia

Os autores do artigo publicado pela Nature aprofundaram o conhecimento sobre a imunologia e viremia dos três pacientes curados por transplante de células-tronco. Eles ressaltam que, por terem sido estudos observacionais, certos aspectos dos casos publicados até o momento são de relevância incerta para a cura do HIV-1. Como exemplos, eles citam malignidade hematológica subjacente, regimes de condicionamento ou grau de doença do enxerto versus hospedeiro, incompatibilidade de sexo doador-receptor ou o momento da interrupção da TARV.

No entanto, duas semelhanças foram apontadas como cruciais para o resultado: todos os três pacientes alcançaram remissão a longo prazo após o transplante e abrigaram cepas de vírus R5-trópico predominantes.

Referência:

Jensen, BE.O., Knops, E., Cords, L. et al. In-depth virological and immunological characterization of HIV-1 cure after CCR5Δ32/Δ32 allogeneic hematopoietic stem cell transplantation. Nat Med (2023). https://doi.org/10.1038/s41591-023-02213-x

Fonte: Academia Médica