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A relevância do diagnóstico precoce em Saúde Mental e emocional

Artigo de Tania Machado* ressalta que organizações precisam diminuir o sentimento de exaustão das pessoas, ter uma escuta ativa e profissionais que identifiquem os sinais para tomar decisões acertadas e pautadas no conhecimento e diagnóstico seguro

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Tania Machado

As empresas enfrentam muitas dificuldades para criar programas de Saúde emocional e mental porque existe o medo do lado de quem está com o problema, o preconceito de quem não entende e falta de informação segura sobre como tratar o assunto.

Na Prática a riqueza de uma empresa depende da saúde dos trabalhadores e certamente o diagnóstico precoce pode contribuir para preservar a saúde do colaborador.  É preciso olhar para o seu material humano, o seu colaborador, investindo na sua qualidade de vida, saúde e segurança. Investir em gestão da saúde e segurança no trabalho dá retorno e reduz custos para as empresas. 

As organizações precisam diminuir o sentimento de exaustão das pessoas, ter uma escuta ativa e profissionais que identifiquem os sinais para tomar decisões acertadas e pautadas no conhecimento e diagnóstico seguro.

Realizamos uma pesquisa que retrata o resultado que 66,3% das empresas estão preocupadas com a saúde mental dentro de suas organizações. Como lidar com os impactos emocionais causados pela pandemia em seus colaboradores. Esse foi o tema apontado em pesquisa realizada pelo HUBRH+ABPRH como prioritário e de maior interesse quando o assunto é Saúde Corporativa. A identidade ouviu em junho de 2021 profissionais de recursos humanos de grandes empresas (com mais de 500 funcionários) com o intuito de endereçar suas principais necessidades no que diz respeito ao aprimoramento de conhecimento como ferramenta estratégica. Importante ressaltar que 66.3% dos entrevistados apontaram a gestão do bem-estar e da saúde mental dos colaboradores como o maior dos desafios a serem enfrentados. No início da pandemia, a principal dificuldade estava em engajar os colaboradores, mantê-los saudáveis, tanto do ponto de vista físico, como mentalmente, em um cenário totalmente desconhecido e adverso.

Atualmente, mesmo com o termo “novo normal” não fazendo mais sentido, o tema continua sendo pauta e muito real no cotidiano dos RHs. No Brasil, o cenário exige atenção redobrada. Segundo pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, a ansiedade é o transtorno mais comum entre os brasileiros durante a pandemia: 86,5% dos participantes deste estudo admitiram estar mais ansiosos, o que vai muito em linha ao que revelou a pesquisa do HUBRH+ABPRH.

A possível volta para o escritório, o luto experimentado por alguns colaboradores que perderam seus familiares, as sequelas deixadas para quem ficou com COVID19, absenteísmo, sinistralidade e as incertezas que seguem com relação ao controle da doença são pontos que tiram o sono de quem está responsável pela gestão de pessoas nas organizações. Não há mais dúvidas de que os desgastes emocionais estão no centro dos debates de toda a sociedade. E nas organizações, essa preocupação, mais que necessária, está sob os cuidados do RH, que precisa olhar para inteligência emocional e do bem-estar como um dos pilares da experiência do colaborador. Além de garantir um retorno seguro, eficiente e sem neuras.

Temos claro o nosso papel no ecossistema de ajudar os profissionais de recursos humanos e lideranças a endereçar os desafios e a traçar suas estratégias para um futuro próximo. Sempre pensando em uma nova realidade e trazendo informações necessárias sobre o tema e ressignificando o alto desempenho, não só com entregas rápidas e de qualidade, mas com bem-estar, qualidade de vida preservando o emocional. Por isso, é importante entender as necessidades desses profissionais nesse cenário de alta criticidade. Isso ajuda não só a eles, como a outros elos dessa cadeia que precisam interagir com esses profissionais e ofertar recursos, serviços e informação. 

Para que o ambiente de trabalho seja saudável do ponto de vista mental ele deve proporcionar oportunidades razoáveis para a autorrealização e a melhoria da autoestima. Este ambiente deve obter o máximo da medida de suas habilidades dos trabalhadores nas ocupações, mas que possam ter a satisfação e realizações e fazer sua maior contribuição para o bem-estar comum. Precisamos propor:

  • a possibilidade de cooperação e diálogo entre os trabalhadores e com a gestão da organização;
  • reconhecimento da contribuição do trabalhador; 
  • perspectivas de carreira e desenvolvimento profissional; 
  • a promoção da saúde física e mental do trabalhador; 
  • respeito pela individualidade e moralidade; 
  • a ausência de discriminação e assédio sexual e moral; 
  • e respeito. 

Existe nos dias de hoje uma exigência muito grande sobre os trabalhadores em relação ao “profissional de alto desempenho” que na verdade acaba sendo traduzido pelas organizações como produtividade gerando uma busca incessante pelo resultado. 

De fato, a maior parte dos gestores não aprenderam ou não se ocuparam do trabalho “mão na massa” e por isso não demonstram interesse em uma medida quantitativa de performance do bom trabalhador. Muitas vezes é invisível para as empresas a utilidade econômica de um trabalho bem-feito, de um time coeso e cooperativo entre si, que traz um ambiente de trabalho de melhor qualidade. E, é justamente este ambiente que é mais lucrativo e sustentável para as empresas. Um estilo de supervisão autoritária ou abusiva consome maiores recursos internos dos funcionários para lidar com as situações do dia a dia, de modo que com o tempo perca sua capacidade produtiva, o significado do trabalho, o entusiasmo e a motivação para a inovação

A psicologia nas organizações era uma prática de tratamento reativa entre os colaboradores, mas com a globalização, o mercado de trabalho tornou-se cada vez mais competitivo. O psicólogo objetiva o bem-estar do trabalhador, enquanto este se concentra na eficiência do trabalho na organização. O tratamento de um diagnóstico de saúde mental ainda é volumoso nas empresas.  Há uma década, o Ministério da Previdência Social do Brasil, que entre os transtornos mentais e comportamentais, as doenças mais constantes entre os trabalhadores eram depressão, transtornos ansiosos, reações graves ao estresse e transtorno de adaptação. Cabe à psicologia o desafio de intervir e melhorar a relação do trabalhador e organização. Explorar e compreender a vivência subjetiva no trabalho e quais fatores podem desencadear sofrimento mental.

É imprescindível que o psicólogo reconheça qual significado o trabalhador atribui a determinadas situações na organização, como este conecta ou não seus valores morais com os valores organizacionais, ou seja, o quanto suas crenças e sua história de vida estão consonantes ou dissonantes referente a missão, visão e valores da organização. A interface da atividade multidisciplinar potencializa e promove ótimos resultados de questões de saúde relacionados ao trabalho, neste caso, a assertividade da orientação e medidas de prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação, causam êxitos na relação trabalhador e organização. 

Em nosso ebook  Saúde Mental temos mais referências para contribuir sobre o tema.

*Tania Machado é presidente do HUBRH+ e CEO da TM JOBS