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Procedimento simples evita mortes por infecção nos hospitais

Infecções por falta de assepsia correta das mãos são causas de morte no ambiente hospitalar em todo o mundo; 70% delas podem ser evitadas

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Em países de baixa renda, como o Brasil, apenas um em cada dez profissionais de saúde pratica a higienização adequada das mãos enquanto cuida de pacientes. É o que diz a Organização Mundial de Saúde (OMS). Doenças infectocontagiosas, como covid-19, e mais de 20 patógenos podem colocar a vida de quem está internado em risco. A higiene das mãos por parte de toda cadeia de cuidado do paciente, incluindo visitantes, em caso de internação, pode diminuir drasticamente o problema. A Organização preconiza que a mão deve estar higienizada, e de forma correta, a cada contato com paciente hospitalizado.

Segundo relatório de 2022 da OMS, em todo o mundo, mais de 24% dos pacientes internados são afetados por sepse associada à atenção à saúde e 52,3% dos pacientes tratados em uma unidade de terapia intensiva (UTI) morrem a cada ano pelo mesmo motivo. As mortes aumentam de duas a três vezes quando as infecções são resistentes aos antimicrobianos. Ainda de acordo com a entidade, a infecção adquirida durante a prestação de serviços de saúde é um grande problema global, mas os pacientes em países de baixa e média renda têm duas vezes mais probabilidade de infecção do que os pacientes em países de alta renda. Sepse é um desdobramento da infecção que se torna generalizada e pode afetar irreversivelmente os órgãos vitais de quem está internado, uma vez que a imunidade do paciente está baixa. O caso é ainda mais grave em quem tem doenças crônicas. 

A Portaria MS/GM nº 2.616/98 estabelece as diretrizes e normas para o controle de infecção hospitalar no país e as competências dos diferentes níveis de governo e dos hospitais. Apesar da regulamentação, o Brasil, por sua vez, apresenta uma das maiores taxas de mortalidade por sepse no mundo, sendo aproximadamente 240 mil pessoas anualmente. Mas, onde uma boa higiene das mãos e outras práticas custo-efetivas são adotadas, 70% dessas infecções podem ser evitadas. Segundo a OMS, a pandemia deve ser oportuna para observar e corrigir problemas quanto à prevenção de infecções hospitalares. Vale lembrar que não apenas os profissionais de Saúde devem estar atentos à higiene das mãos, mas toda cadeia de cuidado e visitantes. 

A lavagem correta das mãos é o que evita transmissão de doenças

Em 2013, uma pesquisa da Michigan State University mostrou que cerca de 10% das pessoas observadas optaram por não lavar as mãos em ocasiões como a volta do banheiro. Mas, mesmo a grande maioria das pessoas que lavaram as mãos não soube fazer isso da maneira adequada, diz o estudo. Nesse contexto, doenças transmitidas pelas fezes podem ser proliferadas, como Toxoplasma gondii, provocando infecção generalizada, deficiências neurológicas, inflamações nos olhos, complicações musculares, hepatites e pancreatites. 

Outro estudo, apresentado em 2018 pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, revelou que 97% das pessoas também falharam em lavar as mãos da maneira correta. Com isso, germes de origem alimentar, como Escherichia coli ou Salmonella, estão se tornando resistentes aos medicamentos. 

No Brasil, a maneira correta de se fazer assepsia das mãos está preconizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), por meio do Projeto de Implantação Nacional da Estratégia Multimodal de Melhoria da Higiene das Mãos em Serviços de Saúde para a Segurança do Paciente – 2022 – 2023, protocolo feito em conjunto com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS-OMS) e Ministério da Saúde, que estabelece regras para que a assepsia das mãos seja feita adequadamente, estabelecendo um passo-a-passo para a eliminação de possíveis contaminantes. Esses protocolos são de acesso público e, segundo especialistas, devem ser implantados e monitorados dentro das unidades de Saúde.