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Marketing médico é tendência para atuação do setor Saúde nas redes sociais

A internet tende a ser aliada na captação de novos clientes, na criação de vínculo e posicionamento no setor médico-hospitalar; o uso é regulado e podem ocorrer sanções se não for gerido por um profissional da área

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Augusto Bergamo

Segundo o relatório da We Are Social e da Meltwater, no Brasil, são 113,5 milhões de usuários apenas do Instagram. Mas, o CEO da Bergamo Marketing Estratégico, Augusto Bergamo, especialista em ações de divulgação online de médicos em todo o Brasil, pontua que, mais do que se cadastrar em uma das diversas opções de plataformas de relacionamento, é necessário saber se posicionar de maneira correta entre os pares e usuários, mas é preciso ser visto. 

Além disso, é necessário entender a forma legal de divulgar a imagem na internet seguindo os protocolos estabelecidos pelas entidades reguladoras da profissão. Bergamo será um dos palestrantes durante a Medical Fair Brasil (MFB), edição brasileira da feira MEDICA – maior evento da indústria médico-hospitalar mundial, que acontece de 26 a 28 de setembro, no Expo Center Norte, em São Paulo (SP). 

Um profissional desta área em ambiente de discussões sobre a indústria médico-hospitalar pode parecer incomum, mas a tendência, ou, pelo menos, a necessidade, é que isso se torne mais comum. Como faltam profissionais de marketing voltados para o ambiente da Saúde, o receio ainda é maior que a confiança quando o assunto é explorar o mundo das redes sociais, o que deve ser ressignificado, pois essa é uma tendência, de acordo com Bergamo. 

Segundo ele, o uso das redes sociais não são apenas para captação e fidelização de leads, mas, inclusive, para difusão de conteúdo, e de humanização do relacionamento remoto, criando um elo de comunicação com seu público, o que coloca o profissional em um local de credibilidade.

“Percebemos que muitos médicos se frustram porque começam a usar as plataformas de relacionamento sem planejamento e não enxergam retorno. Nós avaliamos a persona, objetivos, arquétipos e a área de atuação para proporcionar uma experiência personalizada, como deve ser”, comenta.

Parte dos mais de 545 mil médicos que atuam no país têm perfis profissionais. Não há uma estatística precisa, mas Bergamo percebe, constatando o sentimento de insegurança, que o número não é grande como acontece em outras profissões. Em seus workshops mensais na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), de 40 médicos, 10 estavam nas redes sociais, e, em sua maioria, jovens. Buscando se reciclar e se renovar, devagar, os médicos mais tradicionais vão cedendo aos benefícios da rede.

“Uma geriatra de 70 anos é minha cliente. Ela costuma dizer que isso, inclusive, melhorou sua autoestima”, esclarece Bergamo, que completa constatando que quem ainda está desconectado se mostra obsoleto ao mercado e aos prescientes. “Uma autopromoção negativa.” 

Quando a intenção da abertura de uma conta é vender um serviço ou atrair mais clientes, o marketeiro destaca que nas redes sociais há possibilidade de uso de recursos que não existem nas propagandas offline tradicionais, como anúncios restritos a um quarteirão ou nicho específico, como anúncios dentro do pavilhão de estandes de feiras e congressos. Todas essas funcionalidades podem ser customizadas, proporcionando alcance irrestrito. “As pessoas tendem a utilizar serviços que são anunciados e já aparecem na tela do celular, sem necessidade de busca ativa”, constata Bergamo. 

Fotos e vídeos durante palestras, por exemplo, mostram que o profissional e sua clínica estão no caminho certo, o de atualização. Em momentos como a MFB, é possível criar mailing dos participantes e criar gatilhos de venda, mas publicações nos perfis durante o congresso também mostram que não se está ali apenas para vender, mas para fazer trocas importantes com outros segmentos. 

Ética e boas práticas

Segundo o CEO, ser agressivo nas vendas não é recomendado atualmente, é preciso proporcionar valor. “Usando a fórmula ‘marcar lembranças’, as redes sociais, a médio e longo prazo, posicionam e destacam o profissional, fazendo-o ser visto da forma correta”. Por isso um profissional de credibilidade deve ser contratado. “As redes sociais são ótimas, mas alcançam muitas pessoas e de forma rápida. Não há espaço para erros.”

Inclusive, a ética e as boas práticas devem ser aplicadas para assegurar o seguimento do bom exercício da profissão por meio do uso de recursos como redes sociais. O Código de Ética do Conselho Federal de Medicina (CFM), publicado em 2018, respaldado pela Resolução nº 2.133/2015, dispõe sobre a publicidade médica. O descumprimento dessas normativas podem causar a perda do registro de medicina.

Os médicos, segundo os dispositivos citados, são proibidos de distribuir e publicar em sites e canais de relacionamento fotos tiradas com pacientes no momento de atendimento, como consultas ou cirurgias. Também não podem divulgar fotos, imagens ou áudios que caracterizem sensacionalismo, autopromoção ou concorrência desleal.   Outras sanções podem ser previstas no código penal, assim como na Lei Geral de Proteção de Dados, que pode ser acionada em caso de ofensa ao paciente. Denúncias podem ser feitas no site do CFM, nos próprios aplicativos ou, ainda, no Ministério Público.

Segundo Bergamo, para atender aos pré-requisitos, como compliance, e oferecer a melhor experiência na internet, é preciso buscar profissionais ou agências qualificadas. Com uma atuação responsável, a função de facilitadora das redes sociais será potencializada por um valor proporcionalmente pequeno frente a visibilidade proporcionada.